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Especialistas veem efeitos positivos em limitar celulares na sala de aula

A adoção de regras para o uso pedagógico de celulares em sala de aula pode trazer efeitos positivos na aprendizagem, promovendo maior concentração, interação social e um ambiente mais propício ao aprendizado. Especialistas e coordenadores pedagógicos de escolas em Natal já observam esses resultados com estratégias locais implementadas antes da sanção da lei federal, que entrou em vigor na última segunda-feira (13). No Rio Grande do Norte, uma legislação estadual similar já trata do tema desde janeiro, reforçando a necessidade de regulamentar o uso de dispositivos eletrônicos nas escolas.

A principal inovação trazida pela lei é a vedação do uso de aparelhos pessoais durante as aulas, recreios e intervalos. A medida, no entanto, prevê exceções, como o uso pedagógico autorizado pelos professores, além de permitir o uso de dispositivos para questões de saúde, acessibilidade e casos de emergência.

De acordo com Gustavo dos Santos Fernandes, mestre em Educação e especialista em Gestão Escolar, essa limitação de uso pode reduzir significativamente as distrações em sala de aula. “Sem a presença constante das redes sociais e de outros aplicativos, os alunos tendem a se concentrar mais nas atividades propostas pelos professores, favorecendo um ambiente mais propício ao aprendizado”, explica. Para ele, a ausência do celular durante as aulas estimula os estudantes a se comunicarem mais diretamente com colegas e professores.

Segundo a nova legislação, as redes de ensino deverão implementar estratégias para tratar a saúde mental dos estudantes, como em treinamentos periódicos para prevenção e detecção de sinais de sofrimento psíquico e mental relacionados ao uso excessivo de dispositivos digitais, e também em espaços de acolhimento. “O uso do celular exclusivamente para fins pedagógicos abre um espaço valioso para a utilização de tecnologias de forma planejada e educativa. Ferramentas digitais podem ser integradas às aulas de forma controlada, potencializando o aprendizado, mas sem comprometer a atenção dos alunos. Essa medida ensina os estudantes a administrarem melhor o tempo e a respeitarem regras e limites”, destaca Gustavo.

Desde 16 de janeiro de 2024, o RN já possui também uma legislação que limita o uso de smartphones. A Lei nº 11.674 veda o manuseio dos aparelhos em horários de aula em estabelecimentos de educação de ensino fundamental e médio. A liberação de uso se torna permitida apenas para fins pedagógicos, sob orientações e supervisão do profissional de ensino.

Já em conhecimento dessa Lei estadual e agora com a sanção federal, um dos espaços que deve ampliar a iniciativa é o Colégio Marista de Natal. Com adoção de armários, alunos deixam os celulares guardados para poderem focar o aprendizado. Segundo Themis Viana, orientadora educacional da unidade, desde essa implementação já foi possível perceber resultados significativos no aprendizado e concentração dos estudantes. “Já aplicamos isso desde o ano passo e foi extremamente positivo. Tivemos uma colaboração intencional dos alunos com melhoria no andamento das aulas durante a execução de atividades e também na interação social dos alunos nos momentos antes, no intervalo e também no término dos horários”, explica a orientadora do Colégio Marista de Natal, detalhando que essa iniciativa deve se estender para outras séries.

Outro colégio que já busca implementar uma conscientização dos alunos sobre o tema é o CEI, unidades Romualdo Galvão e Roberto Freire, através da campanha “Conecte-se ao que importa”. Implementado desde 2024, são desenvolvidas ações de fins educativos para o uso adequado até estratégias em ações práticas, como aquisição de jogos físicos e proposição de outras brincadeiras durante os intervalos de aula.

“O uso inadequado e exacerbado das telas é, de fato, um problema social nos dias de hoje. Todos nós precisamos nos envolver com o tema. Sabemos que as medidas mais rígidas vão causar impacto, mas acreditamos o dia a dia vai apontar os melhores caminhos”, relata Cristine Rosado, diretora do CEI Romualdo Galvão e Roberto Freire.

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