
O Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares do Rio Grande do Norte (SECHES-RN) realizou uma nova mobilização nesta quinta-feira (23) no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, para protestar contra o atraso de três meses no pagamento do vale-alimentação e do salário de dezembro. As pendências envolvem contratos dos terceirizados com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). A paralisação dos profissionais da nutrição atinge, além do Walfredo Gurgel, unidades como o Hospital Giselda Trigueiro, Santa Catarina e João Machado.
De acordo com Márcio Roberto, secretário-geral do SECHES-RN, a situação dos trabalhadores tem gerado enormes prejuízos financeiros. Com os pagamentos pendentes, muitos estão enfrentando dificuldades para pagar contas e até mesmo sem conseguir quitar o aluguel. “Tem muita gente sendo despejada, não conseguem alugar imóveis devido ao histórico de atrasos quando descobrem com o que trabalham e acabam com o nome sujo”, destaca.
Lidiane Lopes, 40, é uma das profissionais que ainda aguarda esses pagamentos da JMT Service, empresa responsável pela locação da mão de obra. Auxiliar de cozinha há nove anos no Giselda Trigueiro, ela explica que os funcionários estão sem receber alimentação, sendo mantidos apenas para pacientes. “A gente tem que levar comida de casa”, afirma. Ao todo, ela estima que existem, pelo menos, outros 14 trabalhadores na mesma situação no setor.
A manifestação desta quinta-feira aconteceu com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para a falta de solução efetiva para o problema. Segundo Márcio Roberto, o retorno da JMT com a Sesap é de pagamento até “próxima semana”, mas isso não foi suficiente. “A gente tá pedindo uma data porque dizer ‘semana que vem’ é igual à brincadeira que a gente faz com o colega pegando dinheiro emprestado, mas diz ‘eu lhe pago semana que vem’ e essa semana nunca chega”, explica.
Sem esse retorno, a greve deve continuar até que uma data concreta de pagamento seja estabelecida. “Nosso compromisso é com os trabalhadores. Enquanto não houver uma data definida para o pagamento, a greve continua”, garante o secretário-geral do Sindicato, destacando que os profissionais temem que a situação se agrave para pendências diretas também sobre o mês de janeiro.
Esse mesmo problema que atinge os profissionais da nutrição também vem afetando outras áreas dos terceirizados, como o Sindicato dos Vigilantes do RN (SindSegur-RN), que realizou um protesto durante a última quarta-feira (22), também em frente ao Walfredo Gurgel. De acordo com Márcio Lucena, coordenador do SindSegur-RN, existem mais de 800 profissionais com o salário de dezembro em atraso.
“Os vigilantes não aguentam mais. O sindicato já tentou vários diálogos com a Sesap, com o município, mas existe um compromisso, mas esse compromisso não avança. Os vigilantes, a cada dia que se passa, estão ficando desesperados. Estamos comunicando e explicando à sociedade o que poderá acontecer, mas uma greve geral não está descartada”, explica Márcio Lucena.
A reportagem procurou as Secretarias de Saúde de Natal e do Estado para esclarecimento de prazos e razões das pendências com os terceirizados, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Empresa paralisará serviços
Além dos funcionários terceirizados associados à JMT Service, outra empresa de locação de mão de obra também tomou novas medidas. A Justiz Terceirização protocolou um indicativo de paralisação para segunda-feira (27), envolvendo serviços de higienização no Walfredo Gurgel, enfermagem no hospital João Machado, e cirurgias nos hospitais Santa Catarina, em Natal, e Lindolfo Gomes Vidal, em Santo Antônio.
Segundo a nota emitida pela Justiz, a medida acontece após atrasos no repasse financeiro, com alguns contratos associados a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) ultrapassando quatro meses de pendência. “Por se tratar de um serviço essencial, médicos, enfermeiros, técnicos e higienistas que atuam em contratos com o Governo do RN passarão a trabalhar em escala mínima de 30% do quantitativo total, até que haja o pagamento das folhas em atraso”, informa a nota.
Ainda de acordo com a empresa, já houve uma reunião com a Sesap durante a última quarta-feira (22), mas ainda não houve indicação sobre previsão de pagamento.